A ideia de praticar atividade física está relacionada à melhora na saúde, qualidade de vida e longevidade. Pessoas de todas as idades buscam nos esportes uma forma de liberar o stress, aumentar a disposição e obter resultados positivos da prática na rotina diária.
Mas, para que o exercício não se torne um problema, é preciso critérios e cuidados, em especial com os joelhos.
Lesões mais comuns
Há dois grupos de lesões provenientes da prática inadequada de esportes: as de sobrecarga e as traumáticas. Tanto atletas experientes como amadores estão sujeitos a elas.
As lesões por sobrecarga são causadas por atividades que excedem a carga suportada pela articulação. As lesões traumáticas são causadas por movimentos que vão além daqueles que a articulação pode suportar.
Esportes que abusam dos joelhos
Para os joelhos, os esportes mais prejudiciais são os que implicam em paradas bruscas, saltos, mudança de direção repentina, flexão e rotação. As recomendações básicas para qualquer prática de atividade física são: preparação física – trabalho muscular e condicionamento cardiorrespiratório; um bom alongamento muscular; descanso e alimentação adequada.
Futebol
A cada seis segundos o jogador faz um movimento inesperado, em geral de rotação, ou seja, precisa mudar de lado rapidamente. Essas movimentações podem causar lesões graves, com risco de ser necessária uma cirurgia. Esta prática pede um bom aquecimento muscular para proteger os joelhos.
Lesões comuns no futebol
* Lesões Meniscais e Ligamentares – associadas a traumas rotacionais, na maioria das vezes.
* Lesões por “overuse” (traumas repetitivos), como a tendinite patelar, a tendinite da pata de ganso e a síndrome de atrito do trato iliotibial.
* Pubalgia – um verdadeiro cabo de guerra acontece entre músculos do abdômen e da coxa: os primeiros puxam o osso púbico para cima e os outros forçam a bacia para baixo. O resultado do conflito é uma inflamação crônica.
*Lesões musculares – responsáveis por 40% de todas as lesões ocorridas durante o futebol.
Corrida
Falta de alongamento muscular, calçado inadequado e correr de forma errada são as principais causas de lesões por sobrecarga, geradas por este esporte. É recomendado que o iniciante comece a treinar pela caminhada e vá aumentando o ritmo gradualmente. E, sobretudo, que tenha supervisão de um treinador.
Lesões comuns na corrida
* Síndrome da banda iliotibial – É uma inflamação causada pelo atrito da banda iliotibial com a lateral do fêmur, e geralmente causa dores na lateral do joelho.
* Canelite – Inflamação no tecido (periósteo) que recobre a tíbia e provoca dores na canela.
* Fascite plantar – Inflamação da fáscia plantar — tecido que une o calcanhar aos dedos e serve para proteger os ossos do pé — que gera dores na sola.
* Tendinite no tendão de Aquiles – Inflamação no tendão que liga o músculo da panturrilha ao calcanhar.
* Fratura por estresse – Microfraturas que ocorrem por causa do desgaste ósseo, geralmente acontecem nos pés, na tíbia e no fêmur.
* Distensão muscular – É o rompimento das fibras musculares, ocorre principalmente na panturrilha e nos músculos da coxa.
* Condromalácia patelar – Dor no joelho provocada pelo atrito entre o osso do fêmur e a patela. Acontece quando a cartilagem patelar não está em perfeitas condições.
Ciclismo
Exige movimento de rotação rápido, que pode sobrecarregar os joelhos. Em geral, as lesões não são sentidas na hora, porque o corpo está aquecido. As aulas de spinning, nas academias, pedem cuidado redobrado, pois a cada vez que o aluno aumenta a carga da bicicleta para forçar o ritmo, aumenta a sobrecarga sobre as articulações. As lesões ocorrem sobretudo por “overtrainning”, mau posicionamento na bicicleta ou acidentes (quedas).
Lesões comuns no ciclismo
* Tendinites nos joelhos – Tendinite patelar é a mais comum, seguida pela tendinite do biceps femoral. Ambas relacionadas principalmente a erros na altura do selim.
* Lombalgia – O mais comum é a dor na região do músculo do quadrado lombar, que fica entre a primeira vértebra lombar e a segunda vértebra sacral. Geralmente relacionada a erros na escolha do tamanho do quadro.
* Estiramentos e contraturas musculares – especialmente na panturrilha e quadríceps (musculatura anterior da coxa).
* Fasceite Plantar – queimação na planta dos pés. Relacionado a atrito e erro no modo de pedalar (o correto é fazer força perpendicular ao eixo do pedal).
* Alterações Urologicas – as principais são Parestesia Pubiana, Uretrite Inespecífica e Microhematúria.
Tênis
Exige muitas paradas bruscas e movimentos repentinos, que podem sobrecarregar e desgastar os joelhos, principalmente em quadras duras. Bom preparo muscular é essencial para protegê-los.
A maioria das lesões acontece em membros inferiores (entre 31% e 67%), seguido pelos membros superiores (20% – 49%) e por último, o tronco (3% – 21%).
Algo importante a se ressaltar é que a maioria das lesões em membros inferiores é de característica aguda, traumática; enquanto as em membros superiores são de caráter crônico, uso repetitivo.
Lesões comuns no tênis
* Lombalgia
* Dor no ombro
* Lesões musculares – com destaque a lesões na panturrilha.
* Epicondilite Lateral – A incidência dessa lesão vai de 35% a 51% entre tenistas.
* Lesões no quadril – Lesões labrais e lesões degenerativas.
* Lesões Meniscais e Ligamentares de Joelho
* Tendinite Patelar e Condromalácia Patelar
Lesões Musculares
As lesões musculares são comuns nos esportes, com sua frequência variando 10-55% de todas as lesões. Mais de 90% delas relacionadas com são contusões ou distensões musculares.
A contusão muscular ocorre quando um músculo é submetido à uma força súbita de compressão como um golpe direto, por exemplo. Já nos estiramentos, o músculo é submetido a uma tração excessiva levando à sobrecarga das mio fibras e, consequentemente, a sua ruptura perto da junção miotendínea.
Podemos classificar os estiramentos de acordo com as dimensões da lesão em:
Grau I – é o estiramento de uma pequena quantidade de fibras musculares (lesão < 5% do músculo). A dor é localizada em um ponto específico, surge durante a contração muscular contra resistência e pode ser ausente no repouso. O edema pode estar presente, mas, geralmente, não é notado no exame físico. Ocorrem danos estruturais mínimos, a hemorragia é pequena, a resolução é rápida e a limitação funcional é leve. Apresenta bom prognóstico e a restauração das fibras é relativamente rápida. Grau II – O número de fibras lesionadas e a gravidade da lesão são maiores (lesão > 5% e < 50% do músculo). São encontrados os mesmos achados da lesão de primeiro grau, porém, com maior intensidade. Acompanha-se de dor moderada, hemorragia, processo inflamatório local mais exuberante e diminuição maior da função. A resolução é mais lenta. Grau III – Esta lesão geralmente ocorre desencadeando uma ruptura completa do músculo ou de grande parte dele (lesão > 50% do músculo), resultando em uma importante perda da função com a presença de um defeito palpável. A dor pode variar de moderada a muito intensa, provocada pela contração muscular passiva. O edema e a hemorragia são grandes. Dependendo da localização do músculo lesionado em relação à pele adjacente, o edema, a equimose e o hematoma podem ser visíveis, localizando-se geralmente em uma posição distal à lesão devido à força da gravidade que desloca o volume de sangue produzido em decorrência da lesão. O defeito muscular pode ser palpável e visível.
Os fatores de risco para a ocorrência de lesões musculares são as deficiências de flexibilidade, os desequilíbrios de força entre músculos de ações opostas (agonistas e antagonistas), as lesões musculares pregressas (reabilitação incompleta), os distúrbios nutricionais, os distúrbios hormonais, as alterações anatômicas e biomecânicas, as infecções e os fatores relacionados ao treinamento (o aquecimento inadequado, a incoordenação de movimentos, a técnica incorreta, a sobrecarga e a fadiga muscular).
Os princípios do tratamento das lesões musculares na fase aguda seguem o método PRICE (proteção, repouso, gelo, compressão local e elevação do membro acometido).
Os critérios para o retorno ao esporte são: a flexibilidade semelhante ao membro contralateral, amplitude de movimento normal, ausência de dor e critérios de força muscular semelhantes aos valores prévios à lesão ou ao membro contralateral (acima de 80%).
Lesão Muscular Posterior de Coxa
Lesões dos músculos isquiotibiais (posteriores de coxa) ocorrem com freqüência em atletas. São especialmente comuns em atletas que participam de esportes como corrida, futebol e basquete.
A principal causa desse tipo de lesão é a sobrecarga muscular. Durante o chute a uma bola ou durante um “sprint” na corrida, o grupo muscular anterior da coxa, chamado de quadríceps se contrai vigorosamente objetivando força, esticando o joelho e o grupo posterior da coxa, os isquiotibiais, estica-se contra a resistência, objetivando modular o movimento. A isso chamamos de contração excêntrica. Neste momento, por não resistir a força do quadríceps (agonistas), os isquiotibais (antagonistas) se rompem.
Os fatores de risco para o surgimento dessas lesões são falta de alongamento muscular, desequilíbrio muscular (quando um grupo de músculos é muito mais forte do que o seu grupo de músculos opostos), mau condicionamento muscular e fadiga muscular.
A maioria dessas lesões curam bem com o tratamento conservador, mas é fundamental a avaliação com o seu médico a fim de diagnosticar o grau da lesão e instituir o tratamento adequado o mais breve possível.